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Gado no estado de São Paulo.

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Por Chris Brett é especialista líder em agronegócios no Banco Mundial e Timothy Brown é especialista sênior em gestão de recursos naturais no Banco Mundial.

Enquanto o mundo chega à beira de um ponto de inflexão irreversível – com o aquecimento global aparentemente prestes a ultrapassar 1,5 grau Celsius da era pré-industrial – todos os olhos se voltam para as práticas de manejo da terra no Brasil, enquanto ambientalistas e formuladores de políticas trabalham em conjunto para conter o aumento das temperaturas.

Além do acentuado crescimento populacional, o Brasil e outros países que abrigam florestas tropicais viram a produção agrícola em larga escala competir com a redução da biodiversidade, levando à degradação da paisagem e exacerbando as emissões de gases de efeito estufa.

Devido em grande medida ao seu potencial de contribuição para o abastecimento global de alimentos básicos e commodities, o Brasil está entre os maiores emissores mundiais de gases de efeito estufa, respondendo por metade do mercado de soja. Como maior exportador de carne bovina, detém mais de 14% do mercado internacional – além de gerar volumes consideráveis de grãos e culturas de plantio.

O recém-lançado Relatório sobre Clima e Desenvolvimento para o Brasil (CCDR) do Banco Mundial destaca que, entre 2000 e 2020, três quartos das emissões do país vieram da mudança no uso da terra, que inclui desmatamento e agricultura, comparados a 18% das emissões globais.

Esses tópicos foram discutidos na última reunião anual do Programa Sistemas Alimentares, Uso do Solo e Impacto de Restauração (FOLUR) em São Paulo, onde mais de cem representantes trocaram ideias sobre como desvincular o desmatamento tropical da agricultura e reduzir o impacto ambiental dos interesses do agronegócio para evitar a crise climática e a perda de biodiversidade.

Liderado pelo Banco Mundial, o programa FOLUR repensa a agricultura como um empreendimento sustentável por meio de sistemas de produção integrados e cadeias de valor de commodities eficientes para reduzir o impacto ambiental da produção de cacau, café, gado, milho, óleo de palma, arroz, soja e trigo em 27 países.

Uma iniciativa no valor de US$ 345 milhões financiada pela Global Environment Facility (GEF) – organização multilateral que apoia melhorias ambientais em países do Sul Global – encarregou o FOLUR de transformar o sistema alimentar global.

Tendo o governo brasileiro com coanfitrião, os representantes ficaram sabendo como o país está explorando maneiras de melhorar o manejo sustentável da paisagem e a restauração das cadeias de valor da pecuária de corte e da soja no Cerrado por meio do Projeto FOLUR Vertentes.

Por mais de 15 anos, políticas voltadas para a conservação da Amazônia levaram ao aumento da atividade agrícola na região, colocando em risco a biodiversidade.

Na reunião anual da FOLUR, representantes do governo descreveram como a inovação está presente no Projeto Vertentes, com a criação de uma relação sinérgica entre os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente para a integração dos esforços.

A abordagem contribui para as propostas do CCDR do Brasil, que sugerem que o crescimento econômico depende de uma combinação de baixo carbono, potencial de energia verde e riqueza de recursos naturais. Por meio de um modelo de crescimento diversificado e orientado para a produtividade, que amplie o uso de energia renovável, favoreça a eficiência energética e o desenvolvimento resiliente e reduza o desmatamento, o Brasil poderia cumprir sua meta de eliminar o desmatamento ilegal até 2028, reduzir as emissões de gases de efeito estufa pela metade até 2030 e zerar as emissões líquidas até 2050.

As atividades inovadoras do Brasil serão compartilhadas primeiro por meio de um banco de conhecimentos elaborado como um recurso para os países do FOLUR e organizações parceiras, que incluem Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, a Coalizão de Alimentos e Uso da Terra, o Fórum Global de Paisagens, a Parceria para o Bom Desenvolvimento e a Corporação Financeira Internacional.

Espera-se que o caminho possa nos levar da crise climática à prosperidade climática, com maior segurança alimentar como resultado principal.

[Publicado em 25 de maio de 2023]

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